Representantes do Ministério da Saúde (MS) visitam nesta semana (23 a 26/04) a X Gerência Regional de Saúde (Geres), com sede em Afogados da Ingazeira e a cidade de Iguaracy, como parte das ações do Projeto-Piloto: IntegraChagas-Brasil. A estratégia visa ampliar o acesso a diagnóstico e tratamento da doença de Chagas a partir da Atenção Primária à Saúde (APS), integrada à Vigilância em Saúde. Em Pernambuco, o município de Iguaracy foi o escolhido por ser uma região endêmica para doença e o risco de transmissão da doença.

A doença de Chagas, como condição crônica, destaca-se no Brasil pela elevada expressão epidemiológica e pelo impacto inerente à morbimortalidade. No processo de estruturação das redes de atenção, a Atenção Primária à Saúde (APS) deve se constituir como a principal porta de entrada para pessoas acometidas, atuando como elo de integração entre ações de vigilância e cuidado integral.

Fortalecendo alguns princípios do SUS, a descentralização e a regionalização, o acompanhamento dos pacientes acometidos pela Doença de Chagas Crônica deve ocorrer pela Atenção Primária. Dessa forma, o estado estruturou a rede secundária através das Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAEs), para receber os casos de maior gravidade, regulados pelo município.

De 2020 a 2022, o município de Iguaracy apresentou uma taxa média de mortalidade relacionada à doença de Chagas de 10,86 por 100 mil habitantes, enquanto a taxa geral do estado está em 1,81.

“O projeto IntegraChagas Brasil tem como objetivo focar na estruturação, de modo participativo, da linha de cuidado para doença de Chagas no município de Iguaracy, para garantia do acesso ao diagnóstico e cuidado integral, integrados às ações de vigilância. Na programação desta semana, realizamos reuniões de alinhamento com gestores locais e representações. Ainda na programação desta semana, visitas "in loco" em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS Jabitaca e UBS Santa Ana) para realização testes rápidos de doença de Chagas para triagem”, detalhou a gerente da X Geres, Mary Delanea.

Em todo o país, cinco municípios brasileiros foram escolhidos para participar da iniciativa piloto: Espinosa e Porteirinha (Minas Gerais), São Luís de Montes Belos (Goiás), São Desidério (Bahia), além de Iguaracy (Pernambuco).

Nessas localidades, o público-alvo estabelecido é formado por: pessoas que moram ou que moraram em residências com a presença de triatomíneos (barbeiros); aquelas com vínculo epidemiológico estabelecido; com suspeita clínica ou diagnóstico estabelecido de doença de Chagas; pessoas com alguma doença relacionada à imunodepressão (HIV/aids, por exemplo); mulheres em idade fértil (10-49 anos) e gestantes.

Para a seleção dos territórios, foram consideradas as determinantes sociais do processo de saúde (indicadores sociais, ambientais, econômicos, de desenvolvimento humano municipal e outros); conformação de redes de atenção à saúde (Regionalização da saúde, redes de Atenção Primária à Saúde, Laboratório, Assistência Farmacêutica, referências em doença de Chagas e outros) e Padrões Epidemiológicos e Operacionais de Controle (Morbidade pela doença, estimativa de detecção da doença de Chagas, indicadores entomológicos e outros).

DADOS - Em Pernambuco, entre 2020 a 2023, foram realizados 333 exames diretos através dos parasitológicos de sangue (para detectar a presença de parasitos - T. cruzi), todos resultaram negativos para o diagnóstico da fase aguda da doença. Também no mesmo período, 5.768 pessoas foram examinadas através da imunologia, ou seja, diagnóstico sorológico, diagnóstico da forma crônica e dessas 767 resultaram reagentes para a doença de Chagas.

A estratégia de vigilância entomológica e controle vetorial pelos municípios com a presença de triatomíneos, ainda é uma das principais formas de prevenção e controle da doença diminuindo o risco de transmissão vetorial. Entre os anos de 2020 e 2023, em 113 municípios, foram visitadas 224.879 unidades domiciliares, dessas 13.583 confirmou-se a presença de triatomíneo (inseto) e após o exame laboratorial 364 desses vetores estavam infectados com T. cruzi.